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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A história do Perfume
O aroma é mais uma das perfeições que a natureza nos deu e do qual o homem soube divinamente aproveitar com a criação dos perfumes. Embora não nos damos da importância do sentido do olfato em comparação aos outros sentidos, ele está intimamente ligado às nossas experiências emocionais. É mágico como uma substância etérea é captada pelo nosso cérebro ativando as mais diferentes memórias e reações emocionais.
Como a maioria das pessoas, sou louca por perfumes. Tive a oportunidade de visitar este ano a cidade de Grasse, na França, considerada hoje a capital do perfume. Desta forma gostaria de dedicar alguns posts do blog para este assunto, começando hoje pela história do perfume.
O mais antigo cheiro conhecido é o da fumaça, que exalava da queima da madeira, ervas e especiarias. A arte da elaboração do perfume nasceu no Egito, em cerca de 3000 aC, que utilizavam nas suas orações uma fumaça aromática que acreditavam chegar mais rápido aaos deuses. Acreditavam naa reencarnação, utilizando fragrâncias para mumificação. Assim, os sacerdotes aos poucos transformaram seus templos em autênticos laboratórios de perfumes artesanais. Por volta de 2000 a.C., os primeiros clientes foram os faraós e os membros importantes da corte; logo, o uso do perfume se difundiu; trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. Por volta de 1500 aC, com a rainha egípcia Hatsheput, surgiram vários rituais de beleza, como a utilização de cones perfumados na cabeça, que derretiam ao sol forte e desta forma protegiam e hidrataavam a pele.Os egípcios cuidavam muito de sua higiene pessoal, tinham hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições; além de água, usavam uma pasta de argila e cinzas, a suabu, que era uma espécie precursora do atual sabonete; a seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado.
Este hábito de perfumar-se também foi surgindo em outras culturas, como na Grécia em 800 aC e na Mesopotâmia, a qual tornou-se centro comercial de especiarias e perfumes em 650 aC. Na época de Alexandre Magno, seu professor Teofastro foi o primeiro autor de um tratado sobre cheiros.
A egípcia Cleópatra marca o uso dos aromas como artifício de sedução. Untava o corpo com essências aromáticas, criando em torno de si uma aura mágica. Recebia Marco Antônio, seu grande amor, em uma cama coberta de pétalas de rosa.
Durante o império romano, o gosto por incensos e perfumes conheceu uma grande expansão, pois aperfeiçoaram a produção de vidros e fizerema grandes importações de matérias primas do Oriente. Mas foi com os árabes que o estudo dos perfumes se aperfeiçoou. O químico árabe Al-Kindi escreveu no século IX um livro sobre perfumes chamado Livro da Química de Perfumes e Destilados. Os árabes introduziram o processo de extração de óleos de flores através da destilação, o processo mais comumente utilizado hoje em dia. Seus primeiros experimentos foram com as rosas. A tecnologia da destilação influenciou a perfumaria ocidental e desenvolvimentos científicos, principalmente na química. O processo progrediu também com os chineses, que séculos depois criaram o álcool concentrado. A precursora da água de colônia, a Água da Rainha da Hungria, surgiu em 1370, sendo o primeiro perfume com base alcóolica.
A região de Florença, na Italia, foi por vários séculos importante produtora de essências, bálsamos e pomadas, produtos estes que eram utilizados pela nobre florentina Caterina de Médicis, a qual mudou-se para a França em 1533 para se casar com o rei Henrique II, trazendo para este país o impulso definitivo para a produção e comercialização de perfumes.
As fragâncias para Caterina eram feitas em Grasse, no sul da França. Primeiramente, esta cidade era famosa pelos seus curtumes (e sabemos como os curtumes " fedem"). Após receber luvas de couro fabricadas em Grasse, ordenou que suas luvas viessem perfumadas por fragrâncias florais devido ao odor desagradável do couro. E assim a cidade, que já era rica em matéria prima (lavanda, rosas, jasmim...), iniciou a produção de perfumes.
A difusão do perfume por toda a França ocorreu através do rei Luís XV e sua amante Madame de Pompadour. Isto porquê ela, fiel ao estilo rococó, ditava a moda, a beleza e a arte da época. Gastava horas no banho com sabonetes de lavanda e ervas, incrementava seu penteado com pomadas de rosas, suas luvas eram perfumadas com violeta e neroli.A água de colônia surgiu em 1714, quando o italiano Jean-Marie Farina registrou, na cidade de Colônia, um produto com o nome de Kölnisch Wasser (água de colônia), o qual era uma mistura de essências italianas como neroli, bergamota, lavanda e alecrim diluídos em álcool neutro. Quando Napoleão Bonaparte esteve em Colônia, acabou conhecendo o produto e ligando-o ao mundo da parfumaria francesa. De acordo com a história, ele despejava um frasco inteiro da tal água sobre a cabeça. A espanhola Eugênia, esposa de um sobrinho de Bonaparte, lançou um novo estilo de perfume, o Eau Imperiale. A frangrância foi comercializada pela Guerlain em 1861, e tinha no frasco o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à mão em ouro.
Na época da belle époque os perfumes e artigos de toilette ganharam nova expansão. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses exalando fragrâncias variadas. No século XX, a perfumaria francesa já estava definitivamente ligada à moda. Em 1920, floresce a carreira da estilista Coco Chanel, promovendo uma revolução ao lançar o imortal Chanel no. 5. Em 1940, surgem novas tendências olfativas, que insinuavam a sensualidade e o luxo, e teve sua consagração com o clássico Miss Dior, de Christian Dior. Em 1950, sob o ritmo do rock n´roll, surge o primeiro perfume americano, Youth Dew de Estée Lauder. Em 1970, jovens estilistas como Kenzo, Mugler, Calvin Klein e Donna Karan optam pela simplicidade dos florais. Em 1980, com a demanda de fragrâncias densas, surgem Poison, LouLou, Paloma Picasso e Samsara. Nos anos 90 a globalização permitiu que os perfumes fossem apreciados por diferentes pessoas e não somente as elites. O ícone da década foi Angel, de Thierry Mugler.Aguarde os próximos posts!*dica de blog sobre perfumes: http://perfumesbighouse.blogspot.com/
*imagens que aparecem no post:
1 - A Alma da Rosa - J.William Waterhouse
2 - Impresso turístico de Grasse (vintage)
3 - desenho egípcio
4 - Retrato de Caterina de Médicis
5 - Madame de Pompadour - François Boucher
6 - frascos da parfumaria francesa
7 - impresso da Parfumaria Felix Potin
8 - Chanel no. 5

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A história do perfume da antiguidade até 1900 PART 1
setembro 5, 2008 às 11:30 pm · Arquivado em Familia Raiz Cultura and tagged: , , , , , , ,

A busca pelo divino marca a história do homem. Os mais antigos cheiros conhecidos são os da fumaça que exalava da queima de madeiras, especiarias, ervas e incensos. Essa prática explica a origem latina da palavra perfume: per (através) e fumum (fumaça), através da fumaça. A origem do perfume se deu a partir de 3.000 a.C., no esplendor da civilização egípcia. Os egípcios eram politeístas, ou seja, adoravam vários deuses, e os homenageavam em ricos rituais.
Acreditavam que seus pedidos e orações chegariam mais rápido aos deuses se viajassem nas nuvens de fumaça aromática que subiam aos céus. Acreditavam na reencarnação, e reservavam as fragrâncias também aos mortos. Grande quantidade de aromas acompanhava a passagem desta para outra vida, ao encontro com os deuses, e o corpo do morto devia ser conservado tão inalterado – e perfumado – quanto possível. Mirra, musgo de carvalho, resina de pinho, entre outros ingredientes com propriedades anti-microbianas, eram utilizados no ritual de mumificação, cujos incríveis resultados são admirados até hoje.

Abalastros, 3100 a 1785 a.C
Frascos usados para preparação de ungüentos
Grécia
A mitologia ilustra a importância do perfume na cultura grega, e a história confirma esse fato. Por volta de 800 a.C., as cidades de Atenas e Corinto já exportavam óleos de flores e plantas maceradas: rosa, lírio, íris, sálvia, tomilho, manjerona, menta e anis. Desde então, os aromas eram populares entre os gregos, que cultivavam a arte de utilizar óleos perfumados. Usados pelos atletas e amados pelos poetas, esses preparados tornavam ainda mais atraentes as mulheres de Atenas. Os gregos apreciavam incensos e fórmulas aromáticas, e acreditavam atrair a atenção dos deuses ao usá-los. Eles usavam perfumes até mesmo na comida: pétalas de rosas moídas eram ingredientes de receitas sofisticadas e o vinho era aromatizado com mirra, essências de flores e mel perfumado. Uma lenda cita o buquê favorito de Baco, deus do vinho: violetas, rosas e jacintos adicionados à bebida.
Babilônia
Por volta de 650 a.C a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro comercial de especiarias e perfumes da época. Conquistado dois séculos mais tarde por Alexandre, o grande, rei dos persas, o império caldeu tornou-se parte da civilização helênica. A influência persa na vida grega incentivou a apreciação de plantas exóticas e o uso de perfumes e incensos. Alexandre entregou sementes e mudas de plantas da Pérsia ao seu professor em Atenas, Teofrasto, que criou um jardim botânico e foi autor do primeiro tratado sobre cheiros. Esse livro detalhava receitas de preparados aromáticos e perfumes, descrevendo prazos de validade e indicando usos terapêuticos. O texto diz que os perfumes deviam ser protegidos do sol, pois a luz e o calor alteravam seu odor. Essa lição é válida até hoje. Após sua morte aos 33 anos, Alexandre foi cremado em uma pira carregada de olíbano e mirra. Graças à riqueza de alguns manuscritos, resgatados pelo historiador Heródoto, conhecemos as primeiras experiências na extração de cheiros de pétalas e folhas, e de seus usos e funções no preparo de ungüentos, loções e perfumes.
Cleópatra
Cleópatra, última rainha do Egito, representa o símbolo da sedução com seus rituais perfumados. Além de conquistar o coração do general romano Marco Antônio, conseguiu dele a promessa de uma aliança com Roma. Ao que parece, ela era muito mais atraente do que propriamente bonita, e sabia, acima de tudo, como perfumar-se. Untava-se com essências aromáticas dos pés à cabeça, criava em torno de si uma aura perfumada e recebia Marco Antônio em uma cama repleta de pétalas de rosas. Seus requintes eram incríveis: ela impregnava de odor de rosas até as velas de seu barco, e viajou ao encontro do amante inteiramente untada de óleos perfumados, como uma deusa em forma humana, deslizando sobre as águas. Deixava-se admirar recostada no trono de seu barco, que era envolto em nuvens de incenso. Em sua célebre visita a Roma, a rainha do Egito deixou um rastro de rosas por onde passou, e em sua última noite no mundo dos mortais, antes de envenenar-se, banhou-se e perfumou-se da cabeça aos pés com as mais finas fragrâncias. Quando os soldados romanos a encontraram morta em seus aposentos, ainda puderam sentir seu perfume inebriante, feito sob encomenda para seu status real.

Cleópatra untava-se de essências aromáticas dos pés à cabeça.
Império Romano
O vasto império conquistado pelos romanos contribuiu muito para a expansão da perfumaria, pois eles consumiam aromas de maneira intensa. O comércio de matérias primas perfumadas foi estimulado pela criação de rotas comerciais para a Arábia, Índia e China. No período imperial, o gosto dos romanos por incensos e perfumes passou dos limites imagináveis, e criou um desequilíbrio na balança de pagamentos do império. Aproximadamente 500 toneladas de mirra e 250 toneladas de olíbano chegavam a Roma pelo mar. Até os cavalos eram perfumados! No século III, Roma se tornou a capital mundial do banho, luxuoso ritual jamais visto em qualquer outra cultura. O banho incluía poções aromáticas variadas. Os cidadãos mais ricos tinham até as solas dos pés perfumadas por escravos. Na cidade podiam ser encontradas mais de 100 casas de banho públicas e privadas, freqüentadas por todas as classes sociais.
Mercadores de cultura
Os árabes foram muito celebrados por suas maravilhosas descobertas, como a bússola e a álgebra. Eles ofereceram à humanidade o primeiro alambique, graças ao alquimista Avicenna, que criou a serpentina de resfriamento. Ele descobriu o método da destilação e preparou a primeira água de rosas do mundo, isolando o perfume das pétalas em forma de óleo (o attar, produzido na Síria). Esse conhecimento, que foi sendo transferido de geração em geração, representou um grande passo na história da perfumaria. Seu apogeu foi na Idade Média, quando os árabes desenvolveram técnicas de destilação de plantas em larga escala. Logo depois, os chineses conseguiram extrair álcool etílico do vinho. O aperfeiçoamento da destilação aconteceu na Itália em 1320, e permitiu a produção regular de álcool a partir da Renascença. Os Cruzados difundiram pelo ocidente as fragrâncias originárias do mundo árabe, resgatando sua influência nos hábitos da população. Eles voltavam das batalhas com preciosidades exóticas na bagagem: especiarias, ungüentos perfumados e essências variadas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O PERFUME
Uma história com milénios
Desde os primórdios da humanidade que a procura de aromas diferentes e agradáveis, e a consequente utilização de essências de plantas, faz parte da história da civilização.
Prelúdios
Pensa-se que a arte da perfumaria se terá iniciado ainda na Pré-História, quando o homem primitivo aprendeu a fazer o fogo e descobriu que certas plantas libertavam fragrâncias agradáveis quando queimadas. Os primeiros perfumes terão pois surgido sob a forma de fumo, o que é aliás confirmado pelo próprio étimo "Perfume", que deriva do latim "Per fumum" ou "pro fumum", significando "através do fumo".
A queima de plantas raras e resinas aromáticas estava em geral associada a cerimónias religiosas, sobretudo aos sacrifícios rituais de animais, em que serviria para disfarçar os odores incomodativos do animal morto. Com este objectivo eram utilizados o sândalo, a casca de canela, as raízes de cálamo, bem como substâncias resinosas como mirra, incenso, benjoim e cedro do Líbano.
Na civilização mesopotâmica, o acto de perfumar era tido como um ritual de purificação. Por esse motivo, os homens tinham a obrigação de oferecer perfumes às mulheres durante toda a vida.
Os Hebreus também utilizavam o perfume na vida quotidiana e no culto. Uma das suas fórmulas está registada na Bíblia, no livro do Êxodo, capítulo 30. A composição utilizava quatro ingredientes naturais, muito empregados nos dias de hoje, mas de forma mais refinada: mirra, cinamono, junco odorífero, cássia e óleo de cálamo aromático.
Requintes
Os Egípcios foram o primeiro povo a fazer uma utilização sistemática do perfume. O seu fabrico era considerado uma graça de Deus, sendo por isso confiado aos sacerdotes, que utilizavam os perfumes diariamente no culto ao deus-sol.Mas começa também a generalizar-se a utilização pessoal do perfume, tendo para isso os Egípcios criado um original sistema, pequenas caixas que se usavam atadas na cabeça e que continham uma fragrância que se dissolvia lentamente perfumando o rosto. Tinha também a função de afastar os insectos.A rainha Cleópatra, ela própria autora de um tratado de cosmética infelizmente perdido, untava as suas mãos com óleo de rosas, açafrão e violetas - o kiafi - e perfumava os pés com uma loção feita à base de extractos de amêndoa, mel, canela, flor de laranjeira e alfena.Até os mortos, durante o processo de embalsamamento, eram ungidos com essas misturas. Quando o túmulo do rei Tutankámon foi aberto, encontraram-se no seu interior maravilhosos vasos de alabastro que conservavam ainda a essência perfumada que havia sido colocada neles há cerca de 5 mil anos.
A refinada civilização grega importava perfumes de diferentes partes do mundo, sendo os mais apreciados e caros os oriundos do Egipto. Mas também criaram uma técnica própria de perfumaria, chamada maceração, em que o óleo vegetal ou a gordura animal eram deixados durante algumas semanas em repouso juntamente com flores, para lhe absorver os óleos essenciais.Há 2400 anos, certos escritos gregos recomendavam hortelã-pimenta para perfumar braços e axilas, canela para o peito, óleo de amêndoa para mãos e pés, e extracto de manjerona para o cabelo e as sobrancelhas.O uso do perfume foi levado a um tal extremo pelos jovens que o legislador Sólon chegou a proibir a venda de óleos fragrantes.Tal como os gregos, os Romanos eram grandes apreciadores de perfume, usando-o nas mais diversas situações. Como resultado das suas conquistas militares, os Romanos foram assimilando não só novos territórios, mas também novas fragrâncias, procedentes das suas campanhas em terras distantes e exóticas, aromas desconhecidos até então, como a glicínia, a baunilha, o lilás ou o cravo. Também adoptaram o costume grego de preparar óleos perfumados à base de limão, tangerinas e laranjas.Esta paixão pelo perfume esteve na origem do aparecimento do poderoso grémio dos perfumistas, os famosos e influentes ungüentarii, que fabricavam três tipos de unguentos: sólidos, cujo aroma contava com um único ingrediente de cada vez, como a amêndoa ou o marmelo; os líquidos, elaborados com flores, especiarias e resinas trituradas, num suporte oleoso; e perfumes em pó, feitos com pétalas de flores que depois se pulverizava e aos quais se juntavam certas especiarias.Os nobres romanos possuíam inclusivamente escravos para os massajarem e untarem com essências perfumadas e era costume os soldados perfumarem-se antes de entrar em combate.Conta-se que Nero, no século I d. C., na organização de uma festa, gastou mais de 150 mil euros, em valores actuais, em essências para si mesmo e para os convidados. E, no enterro de sua mulher Pompeia, gastou o perfume que os perfumistas árabes eram capazes de produzir num ano. Chegou ao extremo de perfumar até as suas mulas.
Também a tradição cristã está na sua origem associada ao perfume. Lembremos que uma das oferendas que os reis magos trouxeram ao menino Jesus foi o incenso.
Durante a Alta Idade Média, a utilização do perfume vai cair em desuso, não só pela desorganização económica que então se viveu, mas também pelo estilo de vida mais austero da sociedade ocidental.(Continua no próximo número).

sábado, 28 de agosto de 2010

Um passeio pela História dos Perfumes

Por Valéria Trigueiro*

A inteligência das plantas então precisou criar aromas cada vez mais fortes e sofisticados. Da raiz às flores se encontrava substâncias fungicidas, bactericidas e a cicatrização ficou por conta das resinas.

Para falar sobre perfumes temos que voltar um pouquinho no tempo, a fim de conhecermos melhor o que exatamente estamos fazendo quando usamos um perfume. Tudo tem uma história e esta tem uma razão. Assim, devemos lembrar que no início do mundo não havia muita variedade de plantas e aromas. Este último foi criado como um sistema de defesa das plantas contra o ataque de insetos, juntamente com outros recursos, como o surgimento de pêlos, cascas mais grossas e resinas.

Como a Natureza é realmente um exemplo perfeito e completo de adaptação, os insetos por sua vez criaram seu próprio sistema de adequação. Alguns se viciaram em determinados aromas, passando então a fazer o que conhecemos como polinização, levando de um lado para outro, sementes, criando novas espécies. A inteligência das plantas então precisou criar aromas cada vez mais fortes e sofisticados. Da raiz às flores se encontrava substâncias fungicidas, bactericidas e a cicatrização ficou por conta das resinas.

Chegamos ao Antigo Egito, quando o homem através da observação das plantas aprende a honrar os deuses, envenenar armas, criar rituais religiosos e de sedução, curar, embalsamar e perfumar. Nesta época a saúde física e espiritual era una.

Na Grécia Antiga já se valorizava a higiene e a beleza, e é dali que vem o costume, mantido até hoje, de jogarem-se pétalas de rosas nas tumbas como símbolo de vida eterna. Quanto à arte da perfumaria já se usa olíbano, mirra, canela, cravo, benjoim e sândalo com o intuito de sedução no século IV a.C. Entretanto, na Roma Antiga é que tais usos se perpetuam e o hábito de tomar banho se estabelece como ritual cotidiano de limpeza física e espiritual. Surge o sabonete, que naquela época chamava-se "sapo" - uma mistura de gordura de carneiro, cinzas de ervas queimadas e óleos essenciais.

Nesta época fica bem clara a relação das ervas e plantas como remédio através de "Tratados Médicos" atribuindo poderes curativos ao sândalo, ao cardamomo e à rosa, em poder da burguesia. Ao passo que se estabelece o uso cosmético, com a manufatura de pomadas, talcos e águas aromáticas, diminui o simbolismo místico e religioso. Surgem os recipientes de vidro, que substituem os de cerâmica usados até então. Têm vantagem soberana, já que não deixam odores, as resinas não são absorvidas pela porosidade da cerâmica e ainda podem imitar os recipientes gregos em suas formas e cores.

Na Idade Média Yakub al Kindi (803-870) escreve o "The Book of Chemistry", onde faz alusão aos óleos essenciais. É quando também se dá a descoberta e o desenvolvimento da destilação, creditada ao poeta, matemático, médico e alquimista Avicenna (980-1037).

Historicamente, a primeira destilação bem sucedida foi a da rosa, que merece um livro inteiro sobre o assunto. Santa Hildegarde von Bingen escreve quatro tratados de medicina herbal (Causae et Curare), sendo a ela também creditada a criação da Água de Lavanda, sua favorita. Entretanto, não só a Água de Lavanda é usada nesta época, surgem a Água de Carmelita e a Água Milagrosa que são fórmulas secretas, guardadas a sete chaves pelos padres e freiras europeus por serem preciosas pelo poder curativo, inclusive contra "problemas de visão", melancolia, memória, dor e febre. Apesar de todo o segredo, sabe-se que dentre as ervas, havia três flores: lavanda, angélica e camomila.

Neste ponto já é possível notar alguns conhecidos nossos - fórmulas secretas, poder da Igreja e tratados médicos em poder da burguesia. Sabemos que isto é apenas o começo. Controle e monopólio não são "privilégio" de nossos tempos. Já nos Séculos XIII e XIV a Itália monopoliza as rotas comerciais do Oriente. Há o controle das especiarias e do perfume, com o intuito de debelar a praga, a Igreja restringe o uso das ervas apenas aos palácios e monastérios sendo seu uso fora deles totalmente proibido, com conseqüências que seria redundância mencionar.

Nas Cruzadas (1096-1291) desenvolve-se o comércio entre o Oriente e a Europa, com o incremento da utilização das especiarias e das essências. Volta-se a valorizar a higiene, trazendo o perfume, desta vez aliado à arte. Na França se estabelece a união entre os herbalistas e os boticários, estes, por sua vez, por possuírem maior cultura, assumem o papel de médicos e perfumistas.

Com a chegada do Século XVIII não é mais necessário mascarar odores fortes, e em conseqüência modifica-se o senso olfativo fazendo surgir os aromas florais. Registra-se o surgimento da primeira fragrância sintética, isto é, produzida em laboratório, em 1868, sendo que no ano anterior já havia ocorrido algo que viria modificar a história efetivamente. Foi o fato de que na Feira Internacional de Paris os perfumes e sabonetes foram expostos em uma seção à parte da farmacêutica. Estava estabelecido um setor industrial independente. Os perfumes deixam de ser considerados curativos e naturais, tornando-se apenas acessórios.

Porém, nem tudo está perdido, já que em 1928, Maurice Gattefossé nos traz de presente a Aromaterapia, e com o advento da II Guerra Mundial (1939-1945) Jean Valnet lança como recurso extremo, a fim de amenizar a dor e curar as feridas de seus soldados, os óleos essenciais, sendo muito bem sucedido.A partir disto, continua seus estudos, desta vez testando os óleos essenciais para curar distúrbios de ordem psiquiátrica, podendo comprovar sua eficácia.

Assim, a partir deste ponto, poderemos começar a falar sobre PERFUMETERAPIA, que ficará para o próximo artigo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010



Ao penetrarem pelas narinas, os aromas encontram o sishistoria-do-perfume límbico, responsável pela memória, sentimentos e emoções. A sábia Cleópatra seduziu Marco Antônio e Julio César usando um perfume à base de óleos extraídos das flores

Nos tempos mais remotos, os homens invocavam os Deuses por meio da fumaça. Eles queimavam ervas, que liberavam diversos aromas. Foi neste contexto que surgiu a palavra "perfume", em latim "per fumum", que significa "através da fumaça".

Mais tarde, diversas ervas compunham banhos aromáticos, pomadas e perfumes pessoais dos egípcios. Mas foi Cleópatra quem eternizou a arte da perfumaria, ela seduziu Marco Antônio e Julio César usando um perfume à base de óleos extraídos das flores de henna, açafrão, menta e zimbro.

No início o perfume era à base de ceras, gorduras, óleos vegetais e sabões misturados a ervas. Com a descoberta do vidro, no século I, os perfumes ganharam uma nova cara, reduzindo sua volatilidade e ganhando formas e cores.

Por volta do século X, Avicena, o mais famoso médico árabe, descobriu a destilação dos óleos essenciais das rosas, e assim criou a Água de Rosas. Depois veio a Água de Toilette, feito para a rainha da Hungria. No século XIX o perfume ganha novos usos, como o terapêutico, por exemplo.

Hoje sabemos que o perfume é capaz de revelar a personalidade das pessoas, bem como sua classe social, uma vez que, um pequeno frasco pode atingir valores exorbitantes.

É comum o mesmo perfume apresentar cheiros diferentes quando aplicado em pessoas diferentes. Isso porque, os odores corporais são únicos, sendo resultado da alimentação, das características pessoais, dos lipídeos e ácidos graxos que a pele exala. A temperatura da pele interfere diretamente na vaporização do perfume, e portanto no cheiro que ele exala.

A magia dos cheiros

Mais do que revelar a personalidade de uma pessoa, o perfume influencia o estado de espírito de todos nós. Ao penetrarem pelas narinas, os aromas encontram o sishistoria-do-perfume límbico, responsável pela memória, sentimentos e emoções. Quando uma mensagem aromática penetra neste sishistoria-do-perfume, provoca sensações de euforia, relaxamento, sedação ou estimulações neuroquímicas.

Antigamente, o sishistoria-do-perfume límbico era chamado de cérebro das emoções. Quando estamos muito tensos e nervosos, um aroma de lavanda é capaz de nos relaxar e nos induzir ao sono, ajudando em casos de insônia. Quando estamos apáticos, deprimidos, infelizes, o aroma de bergamota pode ajudar na recuperação. Aromas de limão, vetiver, eucalipto e alecrim melhoram a concentração, enquanto os de alecrim aliviam o cansaço.

Nos tempos mais remotos, os homens invocavam os Deuses por meio da fumaça. Eles queimavam ervas, que liberavam diversos aromas. Foi neste contexto que surgiu a palavra "perfume", em latim "per fumum", que significa "através da fumaça".

Mais tarde, diversas ervas compunham banhos aromáticos, pomadas e perfumes pessoais dos egípcios. Mas foi Cleópatra quem eternizou a arte da perfumaria, ela seduziu Marco Antônio e Julio César usando um perfume à base de óleos extraídos das flores de henna, açafrão, menta e zimbro.

No início o perfume era à base de ceras, gorduras, óleos vegetais e sabões misturados a ervas. Com a descoberta do vidro, no século I, os perfumes ganharam uma nova cara, reduzindo sua volatilidade e ganhando formas e cores.

Por volta do século X, Avicena, o mais famoso médico árabe, descobriu a destilação dos óleos essenciais das rosas, e assim criou a Água de Rosas. Depois veio a Água de Toilette, feito para a rainha da Hungria. No século XIX o perfume ganha novos usos, como o terapêutico, por exemplo.

Hoje sabemos que o perfume é capaz de revelar a personalidade das pessoas, bem como sua classe social, uma vez que, um pequeno frasco pode atingir valores exorbitantes.

É comum o mesmo perfume apresentar cheiros diferentes quando aplicado em pessoas diferentes. Isso porque, os odores corporais são únicos, sendo resultado da alimentação, das características pessoais, dos lipídeos e ácidos graxos que a pele exala. A temperatura da pele interfere diretamente na vaporização do perfume, e portanto no cheiro que ele exala.

A magia dos cheiros

Mais do que revelar a personalidade de uma pessoa, o perfume influencia o estado de espírito de todos nós. Ao penetrarem pelas narinas, os aromas encontram o sishistoria-do-perfume límbico, responsável pela memória, sentimentos e emoções. Quando uma mensagem aromática penetra neste sishistoria-do-perfume, provoca sensações de euforia, relaxamento, sedação ou estimulações neuroquímicas.

Antigamente, o sishistoria-do-perfume límbico era chamado de cérebro das emoções. Quando estamos muito tensos e nervosos, um aroma de lavanda é capaz de nos relaxar e nos induzir ao sono, ajudando em casos de insônia. Quando estamos apáticos, deprimidos, infelizes, o aroma de bergamota pode ajudar na recuperação. Aromas de limão, vetiver, eucalipto e alecrim melhoram a concentração, enquanto os de alecrim aliviam o cansaço.

Fonte: delas.ig.com.br

História do Perfume

A evolução das fragrâncias se deu ao longo da história e das interpretações humanas na descoberta e escolha dos cheiros. Para entender melhor como tudo se passou, siga a linha do tempo que a Americanas.com preparou e descubra que perfumar-se é um ato pra lá de interessante!

Pré-história

Queimando madeiras e resinas, os homens das cavernas melhoravam o gosto dos alimentos.

Egito Antigo

Os egípcios honravam seus deuses "esfumaçando" os ambientes e produzindo óleos perfumados para ritos religiosos.

Grécia Antiga

Os gregos trouxeram novas fragrâncias de suas expedições e usavam perfumes que tivessem características medicinais.

Império Islâmico

A partir da invenção do alambique foi possível destilar matérias-primas. Um contribuição fundamental para a evolução da perfumaria.

Século XII

Os cristãos usavam fragrâncias para higiene pessoal e para prevenir doenças.

Século XVI

A moda são as luvas perfumadas, usadas pelos nobres da corte européia. Há a fusão de duas profissões: a de curtir o couro e a de perfumista.

Idade Média

O perfume é muito usado nos ambientes de banhos públicos.

Século XVII

Época do auge de fragrâncias "animálicas". Perfumes intensos que usavam civete e musk em sua composição.

Renascimento

A moda são perfumes doces, florais ou frutais.

Século XVIII

Os perfumes são reconhecidos por sua sensualidade, através da proliferação de novas fragrâncias e frascos. Os cristãos passam a perfumar as cinzas na Quarta Feira de Cinzas.

Século XIX

O progresso da química permite a reprodução artificial de cheiros encontrados na natureza. Nascem as matérias-primas sintéticas. A cidade de Grasse, França, se transforma na capital mundial da perfumaria.

Século XX

Nos dias de hoje, a perfumaria já é acessível a todos e não mais um privilégio da nobre burguesia. Perfume continua sendo sinônimo de encanto e sedução.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Magia do Perfume

Adoração dos Magos, de Hans Memling. Mirra, ouro e incenso são oferecidos ao Menino Jesus

A palavra perfume deriva do latim "per fumum", que significa "pela fumaça". Pois foi justamente pela fumaça que os nossos ancestrais primitivos tomaram conhecimento dos perfumes que exalavam das florestas em chamas. Antes mesmo de dominar o fogo, o homem sentiu os cheiros que algumas árvores com troncos odoríficos, como o cedro e o pinheiro, soltavam no ar. Depois, quando o fogo foi dominado, o homem deliberadamente passou a queimar madeiras e folhas para sentir o aroma que lhe agradava, assim como durante as oferendas aos deuses.
A história do perfume, que caminha junto com a trajetória do homem desde tempos imemoriais, no início se confunde com a do incenso. O uso de essências aromáticas aparece em relatos bíblicos desde o Velho Testamento. Em sinal de gratidão por ter sido salvo do Dilúvio, Noé teria queimado madeira de cedro e mirra, mesma substância oferecida de presente ao Menino Deus pelos Reis Magos. Conta-se que o Bálsamo da Judéia atraiu o Rei Salomão para a Rainha de Sabá e que a rainha Cleópatra seduziu Marco Antônio atraindo-o para a sua galera cheia de velas perfumadas.

Festim de Antônio e Cleopátra, de Francesco Trevisani. Velas perfumadas atraíram o Imperador

A invenção dos perfumes também é atribuída aos deuses do Olimpo (mitologia grega), que emanavam aroma de ambrosia quando visitavam os mortais, um sinal de sua natureza divina. Em contrapartida, os simples mortais se utilizavam de perfumes para obter a clemência dos deuses. Ainda de acordo com a mitologia grega, o perfume foi criação de Vênus. "Certa vez, a deusa da beleza teria ferido o dedo e deixado cair uma gota de sangue sobre uma rosa. Cupido, o deus do amor, com um beijo na flor teria selado a alquimia, transformando o sangue em fragrância." Todos os templos da Babilônia, Assíria, Egito, Roma e Grécia tinham seus perfumistas. Os mais antigos frascos de perfume que se tem notícia datam de 5000 a.C., eram fabricados na Mesopotâmia e no Egito com alabastro e pedra, por serem os materiais preferidos, devido a não serem porosos.

Os laboratórios têm grande importância na indústria de perfumes

Registros históricos afirmam que a Babilônia queimava 26 mil quilos de incenso por ano para acalmar a fúria dos deuses. Acreditando que os aromatizantes garantiam a eternidade do corpo e do espírito, os antigos egípcios usavam essências perfumadas no ritual de embalsamamento. Testemunhos das primeiras profanações dos túmulos dos faraós afirmam que os ladrões procuravam as essências utilizadas na mumificação, fazendo pouco caso das jóias e objetos de ouro. Também os egípcios preparavam uma mistura de madeira, cujos componentes - o benjoim e o galbano - eram triturados e aglutinados com a mirra e o azeite de oliva. Queimavam esta mistura nos rituais. Esta mesma composição teria sido usada pelos hebreus e relatada na Bíblia, no livro Êxodo - Cap.30, V. 1 e 7: "Farás também um altar para queimar os perfumes; e Aarão queimará sobre ele um incenso de suave cheiro."
Os gregos foram grandes perfumistas, se valendo das essências de plantas aromáticas tanto para o prazer, como para cuidar de doenças. Com os imperadores romanos o uso dos perfumes cresceu, sendo célebre a história do cavalo de Calígula que se banhava todos os dias com água perfumada. E os sacerdotes romanos reforçavam seus pedidos aos deuses enviando aos céus fumaça odorizada, ou "per fumum". No mesmo lugar onde foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto - as grutas de Qumram -, os escavadores encontraram 50 mililitros de um líquido oleoso e avermelhado bem guardado em um frasco de argila da época do Rei Herodes. Trata-se do único vestígio concreto do perfume que encantava os imperadores romanos.
Foi na Índia e na Arabia que surgiram os primeiros mestres perfumistas. Os árabes não só compreendiam e apreciavam os prazeres dos perfumes, mas também tinham conhecimentos avançados de higiene e medicina. Eles produziram elixires partindo de plantas e animais com propósitos cosméticos e terapêuticos. O médico Avicena (980-1073) descobriu, por acaso, os princípios básicos da destilação a vapor. O primeiro desodorante apareceu no Egito, feito com mirra, incenso, alecrim e tomilho. Os gregos deram continuidade à pesquisa do perfume e desenvolveram o processo de destilação de óleos aromáticos.
Um século após o nascimento de Cristo, já estava em expansão o comércio de essências perfumadas, que se iniciou com os árabes. Levavam para os países do Ocidente noz moscada do Tibete, sândalo da Índia e cânfora da China. Os romanos deram destaque a estas essências desenvolvendo a arte dos banhos e massagens eróticas. No Oriente, os perfumes sempre tiveram uma forte relação com as práticas espirituais. Desse modo, a história do perfume está ligada, inicialmente, a uma sensualidade primitiva; depois Divino e místico e queimado no altar de todas as religiões; de novo profano retorna como sedução e adorno, reservado a uma elite.
Desde a antiguidade, os perfumes estiveram sempre ligados à nobreza e à aristocracia, principalmente devido às dificuldades técnicas para obtê-los. Com o correr dos séculos, o perfume foi perdendo seu caráter religioso e ganhou um cunho profano, fazendo parte dos jogos de sedução nas cortes. Catarina de Médicis, quando partiu de Florença para casar com Henrique de Valois, futuro Rei da França, em 1522, trouxe dois perfumistas incumbidos de procurar durante a viagem uma vegetação similar a de Toscana. Encontraram, no sul da França, na região de Provence, a aldeia de Grasse, com suas colinas, rosas e jasmins. Foi assim que nasceu a cidade dos perfumes. Logo a reputação dos perfumes de Grasse conquistou Paris e, depois, toda a Europa. Em 1850 a cidade já contava com 50 perfumarias. Ficou rico e famoso o perfumista de Maria de Médicis (1573-1642), René le Florentin, no século XVII. Na corte do Rei Luís XV o protocolo obrigava o uso de um perfume diferente para cada dia da semana. Napoleão Bonaparte despejava, todas as manhãs, um pequeno frasco de colônia em sua cabeça A Imperatriz Josefina, que vivia envolta em uma nuvem de almíscar, reuniu os maiores perfumistas do século XIX. Foi neste século que surgiram os perfumes fortes à base de essências florais. Inicialmente eram baseados em tinturas de benjoim, vétiver, baunilha e patchouli. A mulher de Napoleão III, a Imperatriz Eugênia, fez o perfume entrar definitivamente em moda na França.
Além do segredo guardado a sete chaves das fórmulas dos perfumes, era grande a dificuldade técnica para produzi-los antes da industrialização. Para se ter uma idéia, são necessárias cinco toneladas de rosas para se conseguir um quilo de óleo e é preciso quatro mil quilos de pétalas de jasmim para se conseguir apenas trinta gramas de solução concentrada. Muitas outras matérias primas usadas na formulação dos perfumes vêm do mundo animal: o castoréum provêm do castor macho da Rússia, Sibéria ou Canadá; o âmbar (não confundir com a resina fóssil), que é uma secreção do cachalote, um cetáceo comum nas costas de Madagascar, e o almíscar, que é uma secreção do cio do gato-de-algália, ou almiscareiro, que vive nas montanhas da Índia, Birmânia, Mongólia, China e no Himalaia. Mas que ninguém pense que ainda se sacrificam esses animais para a obtenção da matéria prima; hoje existem excelentes substitutos sintéticos para essas essências.
A industrialização popularizou o uso do perfume, embora algumas marcas continuem tendo preços proibitivos, o que valoriza o trabalho do perfumista. O equilíbrio das dezenas de componentes da fórmula de um perfume, alguns em doses tão ínfimas que os modernos processos de análises não conseguem determinar, fez com que o perfume entrasse no campo da arte. Artistas especiais, os perfumeurs criam verdadeiras obras primas, tão importantes como as pinturas dos grandes mestres ou a música dos grandes compositores. Só depois que a nova obra de arte é criada, a sua fórmula é fornecida para a fabricação em escala industrial. Os laboratórios são muitos importantes na indústria de perfumes, pois conseguiram sintetizar mais de quatro mil aromas da natureza.
Muito embora o olfato seja o menos explorado dos cinco sentido, vivemos hoje num mundo perfumado, cercado de odores, o perfume está longe de ser apenas instrumentos das vaidades humanas. Nas nossas narinas concentram-se cerca de dez milhões de células olfativas, que enviam para o cérebro os diversos tipos de cheiros que nos cercam, e que são muitos: águas-de-colônia, sabonetes, xampus, variados cremes, desodorantes, detergentes, purificadores de ar, batom, ceras, papel higiênico, incenso, uma infinidade de produtos. E cada vez mais aumenta a importância das sensações produzidas pelos aromas. Os japoneses descobriram que aromas agradáveis melhoram o humor, reduzem a tensão e aumentam o rendimento no trabalho. No metrô de Paris o ar viciado foi encoberto por um suave perfume de violetas. Até na medicina o perfume se faz presente através da nova técnica da aromaterapia.
No marcado de arte e antiguidades, o perfumeiro e o frasco de perfume antigo se tornaram itens de colecionismo, alguns deles alcançando preços inimagináveis. As fábricas de perfumes sempre se preocuparam em criar embalagens e frascos bem requintados. Isso porque eles sempre souberam que a apresentação visual é muito importante, pois assim como a moldura valoriza o quadro e a jóia é valorizada pelo porta-jóias, um perfume é ressaltado pelo frasco e tudo que o envolve. Os colecionadores de frascos de perfumes antigos vivem garimpando pelas feiras de antiguidades e antiquários atrás de peças raras, preferencialmente as que contenham a essência original.


A EVOLUÇÃO DA PERFUMARIA FRANCESA
A grande perfumaria francesa, baseada em composição elaborada de perfumes e extratos, data do final do século XIX, tendo atingido um grau de desenvolvimento magnífico!

Resumindo:
1880 - 1890
As formulações eram preparadas com uma única flor.
1889 - Começam as pesquisas para a preparação de sintéticos "mais naturais"
1900 - 1920
A virada do século e a eletricidade marcaram o início de uma nova era.
Madame Curie descobriu o urano, época em que os primeiros Zepelins atravessavam o céus...
É lançado o Chypre com aromas de patcholi e musgo que deram nome a várias famílias futuras, inspirando muitos clássicos nas décadas subseqüentes.
Como as mulheres desta época, os perfumes emanciparam-se. As mulheres começaram a trabalhar, apesar de estarem em funções subordinadas.
ANOS 20
Época do Charleston e das novas notas olfativas para tentar acompanhar a evolução da moda. A década de 20 foi uma das mais criativas na área da perfumaria.
Nasceu Chanel nº 5, o primeiro perfume com materiais sintéticos. Aliás, ao que parece, um assistente do perfumista francês Ernest Beaux teria errado na composição da fórmula da fragrância encomendada pela figurinista Coco Chanel. Em vez de apenas 1% de aldeído undecilênico, a solução recebeu acidentalmente uma dose dez vezes maior. A fragrância resultante foi considerada extraordinária e deu início a um "boom" no uso dos aldeídicos na fabricação de perfumes. Outro mérito deste perfume foi reforçar a associação entre o uso do perfume e o jogo da sedução. A discussão ganhou fôlego na década de 50, quando a atriz Marilyn Monroe declarou que usava apenas uma gotinha de Chanel nº 5 para dormir.

ANOS 30
Notas orientais (misturas com baunilha) são o máximo da época e dá-se o retorno de algumas fragrâncias clássicas.
ANOS 40
Depois da Guerra, a esperança em tempos melhores fez com que surgissem as notas verdes, como que para despertar o aroma agradável e a paz dos campos. Lançam-se perfumes para mulheres sensuais
ANOS 50
Época do rock´n´roll e das fragrâncias mais comportadas.
ANOS 60
Em plena era de Woodstock, as notas florais e aldeídicas são predominantes em quase todas as criações.
ANOS 70
A grande descoberta da época foi a categoria dos orientais para as mulheres que gostavam de provocar.
ANOS 80
Época do consumismo. Surgiram os florientales. Houve um incremento dos perfumes florais doces.
ANOS 90
Características: fragrâncias leves e frescas. Temas mais importantes: água. Notas ozônicas: recordam a água, o mar ou o frescor perfumado de um pedaço de melão gelado.
ANOS 2000
Principais características:
- Volta ao romantismo, florais / - Novos soliflorais / Novos aldeídicos / Novos Chypres / Novos orientais